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- Axé Griô! Carlão do Peruche!
Carlão do Peruche, Seo Carlão do Peruche! O artista quando atinge o domínio da arte e do viver rompe as barreiras das influências externas e se transforma na sua própria estrela-guia na arte e na vida. Escolhe e inventa os seus próprios caminhos. Escolhe o dia e a hora. A Unidos do Peruche, escola de samba fundada em 1956, tem entre os seus fundadores o jovem Carlão. Com o passar dos diversos carnavais o jovem Carlão se transformou para sempre no Carlão do Peruche. A perfeição do círculo completo: em 2025 a Unidos do Peruche homenageia em seu enredo e desfile no carnaval paulistano não mais o Seo Carlão, mas o agora Griô Carlão. Não há despedida, nem início ou fim, quando o círculo se realiza por completo. Esse completar-se é o sentido da arte da vida. E o artista escolheu a hora e o dia. A arte verdadeira escolhe sempre a hora e o dia. foto Walter Antunes Letra do Samba da Unidos do Peruche 2025: Axé Griô! Carlão do Peruche! O Cardeal Preto do Samba Eu era menino, e sonhei… Que a Peruchada fez de mim um grande Rei Um Cardeal da Rua Zilda ao infinito E arquibancada hoje vem cantar comigo! Laroyê! Eu sou cria do tambor Alma que surgiu no universo de Olorum Fruto da inspiração, força da terra ancestral Luta e orgulho, negro imortal Eu vim… No vento tal poeira Num ritual que atravessou o mar África, espalhou pelo mundo afora A vida se fez luz em Pirapora Nossa Senhora, me consagrou Um aprendiz, na batucada me entreguei Compositor do meu destino, fui além Hoje o “coro vai comê” no Terreiro do Caqui Bate o surdo nego, a Filial vem aí… É quilombola essa gente soberana Gigante escola de samba O tempo sombrio… Opressão e preconceito sobre nós Invadiu a nossa casa, destruiu Tentaram calar a nossa voz “Laranja boa, seu moço” Nosso quilombo resistiu À luta de um povo guerreiro que não desistiu Ouço o repicar dos tamborins Tantos carnavais, meu peito emana A riqueza do amor mais bonito Legado a nação que me aclama Eu era menino, e sonhei… Que a Peruchada fez de mim um grande Rei Um Cardeal da Rua Zilda ao infinito E arquibancada hoje vem cantar comigo! Compositores do samba enredo da Unidos do Peruche: Pablo Souza, Fabiano Garcia, Walmir Tchuca, Jonathan Mathias e Maurício Oliveira E a arte verdadeira escolheu a hora e o dia. link para o site Carlão do Peruche: www.carlaodoperuche.com
- Em busca da sustentabilidade perdida pela agricultura convencional
A agricultura convencional, ao longo do século XX, tornou-se sinônimo de produtividade em larga escala, alavancada por tecnologias como fertilizantes sintéticos, defensivos químicos, mecanização intensiva e práticas de monocultura. Apesar de seu papel fundamental em atender às demandas globais por alimentos, fibras e energia, esse modelo frequentemente desconsiderou os limites ecológicos e sociais, resultando na perda progressiva de sustentabilidade em diversos níveis. O uso intensivo de tecnologias sintéticas e a redução de práticas conservacionistas contribuíram para o declínio da saúde do ambiente produtivo. A matéria orgânica, essencial para a fertilidade e a retenção de água, foi progressivamente reduzida, enquanto práticas como o revolvimento excessivo e a monocultura aceleraram processos de erosão e compactação. Esses fatores limitam a capacidade do solo de sustentar a produção agrícola a longo prazo. A adoção de monoculturas em larga escala eliminou habitats naturais e reduziu a diversidade biológica em ecossistemas agrícolas. Polinizadores, predadores naturais de pragas e organismos do solo enfrentaram declínios significativos, o que aumentou a vulnerabilidade das culturas a pragas e doenças e intensificou a necessidade de insumos químicos. O uso intensivo de fertilizantes nitrogenados e fosfatados desestabilizou os ciclos biogeoquímicos naturais, levando a impactos como a lixiviação de nutrientes, eutrofização de corpos d'água e emissões de gases de efeito estufa. A agricultura convencional, enquanto produtiva, tornou-se uma das maiores fontes de poluição ambiental, comprometendo a qualidade da água e a integridade do clima. A transição para sistemas baseados em insumos sintéticos criou uma dependência estrutural de produtos externos à propriedade agrícola. Isso não apenas aumentou os custos de produção, mas também reduziu a resiliência dos agricultores diante de crises econômicas e climáticas. A agricultura convencional muitas vezes favoreceu grandes produtores em detrimento de pequenos agricultores, promovendo desigualdades socioeconômicas. Além disso, a intensificação agrícola resultou na perda de práticas tradicionais e no enfraquecimento das comunidades rurais. Reconhecer a perda de sustentabilidade associada à agricultura convencional é essencial para a transição para modelos mais resilientes. A adoção de práticas regenerativas, agroecológicas e baseadas na biodiversidade oferece um caminho para restaurar os recursos naturais, alinhar a produção agrícola aos limites ecológicos e garantir a segurança alimentar a longo prazo. Essa transformação exige um esforço conjunto entre ciência, políticas públicas e o engajamento dos produtores. A agricultura regenerativa é um caminho em busca da sustentabilidade perdida. Visa reestabelecer o equilíbrio comprometido pelos sistemas convencionais, por meio da adoção de práticas baseadas em princípios ecológicos que promovem a regeneração agroambiental com incremento da biodiversidade funcional e a restauração dos ciclos biogeoquímicos. Essas práticas são projetadas para alinhar a produção agrícola com capacidade de suporte dos ecossistemas, garantindo a resiliência e o equilíbrio dos recursos naturais no longo prazo. A sustentabilidade perdida pela agricultura convencional não é irreversível, mas requer mudanças profundas em nossas abordagens e prioridades. Ao priorizar a saúde dos ambientes produtivos, a biodiversidade e a resiliência climática, é possível reconfigurar os sistemas agrícolas para serem produtivos, justos e alinhados com os limites do planeta. Afonso Peche Filho Pesquisador Científico do Instituto Agronômico de Campinas www.iac.sp.gov.br
- O absurdo da matéria e a palavra extraviada
Luama Socio: O absurdo da matéria e a palavra extraviada: a crítica de Berkeley aos aspectos estruturantes da teoria do conhecimento Resumo Abordar a filosofia de Berkeley justifica a impressão de que seja especialmente esclarecedor voltar a questões filosóficas através de uma perspectiva mais elementar ou mais radical. Se pensamos geralmente que a abstração tem sua positiva existência entre os fatos, porque é que ela não se esclarece como objeto à luz da percepção? É certo que os tempos, a partir do século XX, trouxeram fecundas elaborações para os ângulos mais inquietantes das relações entre linguagem, sujeito e objeto, dos dualismos conceituais formados pelas oposições entre idealismo e realismo, subjetividade e objetividade, totalidade e relativismo ou fragmentação etc. No entanto, a perspectiva de Berkeley continua desafiadoramente fecunda à medida que une empírico com espírito persistindo no ponto de conflito do limite entre materialismo e metafísica ao trabalhar a investigação do funcionamento e da natureza da percepção dos sentidos, das ideias e da linguagem. link para baixar e ler O absurdo da matéria e a palavra extraviada link para edição completa da Revista Lampião v. 5 n. 1 (2024): Lampião - Revista de Filosofia
- Carlos Eduardo Jordão Machado
Carlos Eduardo Jordão Machado: 30 de dezembro de 1954. Cadu: 70 anos hoje! f otos e vídeos Walter Antunes
- A hidrovia do fim do mundo
Mais de 50 organizações se opõem a projeto da Hidrovia Araguaia-Tocantins Com eventos climáticos extremos mais frequentes, modificação de bacias pode resultar em graves impactos socioambientais e desperdício de recursos públicos bilionários. Indicando uma série de ilegalidades, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação que pede a anulação do licenciamento concedido para a construção de trecho de hidrovia no Pará. A iniciativa foi endossada por pesquisadores em Audiência Pública na quarta-feira, 28 de novembro, realizada pela Comissão de Meio Ambiente do Senado. O projeto denominado “Dragagem e Derrocagem da Via Navegável do Rio Tocantins” é uma nova tentativa de viabilizar a Hidrovia Araguaia-Tocantins e acende alerta para organizações em toda a extensão dos rios, que perpassam Pará, Tocantins e Goiás. Mais de 50 organizações da sociedade civil se manifestaram. O projeto, organizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), busca facilitar o escoamento de commodities agrícolas e minerais, mas envolve intervenções significativas no leito do rio Tocantins e, conforme ação do MPF, faltou ser realizada consulta prévia, livre e informada às comunidades que devem ser impactadas, e não houve a demonstração de viabilidade da obra. As intervenções incluem a retirada de bancos de areia (dragagem) e de afloramentos rochosos (derrocagem) ao longo de 560 km, criando um canal de navegação para grandes embarcações e comboios de barcaças. Artifícios ilegais No entanto, para avançar com o empreendimento, foram adotados artifícios ilegais e sem embasamento técnico que reduziram artificialmente as “áreas de influência” do projeto. Inicialmente, o empreendimento licenciado era a Hidrovia, mas após mudança de entendimento institucional, a avaliação de impactos ambientais foi restrita apenas às obras propostas, como um fatiamento das licenças ambientais, desconsiderando as consequências da hidrovia como um todo. Além disso, foram adotados critérios artificiais para o cálculo de abrangência de impactos diretos e indiretos (3 km em caso de comunidades ribeirinhas e 10 km no caso de comunidades indígenas e quilombolas), o que exclui diversas comunidades que realizam atividades tradicionais de pesca e navegação na região. “O resultado prático de uma avaliação incompleta é a precarização da vida e o empobrecimento das comunidades ribeirinhas. Portanto, a classificação como atividade não impactante jamais poderia ter sido adotada como premissa, pois carece de embasamento técnico e desconsidera a relação inextrincável entre a obra e o aumento do trânsito de embarcações”, explica o Ministério Público Federal na referida ação. Destruição da vida e do futuro Os impactos potenciais deste empreendimento são alarmantes e abrangem diferentes aspectos. O canal de navegação pode provocar erosão das margens e ilhas, alterar a força, velocidade e direção das correntes, contaminar a água por efluentes e outros danos à qualidade da água. A dragagem e a derrocagem podem afugentar e perturbar o comportamento da ictiofauna, dificultar a recuperação dos estoques pesqueiros (região de lagos, lagoas e berçários naturais) e introduzir espécies exóticas no ecossistema. As mudanças nas rotas de navegação e locais de pesca, somadas ao aumento do esforço pesqueiro, podem reduzir a lucratividade da atividade, vindo a comprometer toda a cadeia produtiva da pesca. A pesca artesanal, amadora e o Turismo da Pesca Esportiva no rio Araguaia e Tocantins são as atividades econômicas mais importantes na região, e qualquer impacto terá repercussões graves sobre a segurança alimentar e nutricional dessas comunidades. A perda e alteração do habitat aquático e a diminuição da atividade pesqueira são consequências esperadas, com magnitude e relevância elevadas. No mais, diante das mudanças do clima, conforme as previsões de crise hídrica, a navegabilidade do Rio Tocantins pode ser seriamente comprometida, tornando o investimento, que é bilionário, um desperdício de recursos públicos, com os custos recaindo sobre a sociedade e o meio ambiente. Diante dessa situação, organizações com atuação nos três estados afetados iniciaram mobilização para discutir e divulgar os perigos que esse empreendimento representa, se opondo à continuidade da obra sem os devidos estudos, consultas e licenças que levem em consideração a amplitude dos impactos socioambientais. Desta forma, assinam este posicionamento as seguintes organizações: A Vida no Cerrado - AVINC Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins - APA-TO Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins - ARPIT Articulação Tocantinense de Agroecologia - ATA Associação Alternativa Terrazul Associação Brasileira de Antropologia - ABA Associação da Comunidade Ribeirinha Extrativista Vila Tauiry - ACREVITA Associação de Amigos do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros - AVE Associação de Jovens Engajamundo Associação Indígena Apinajé PYKA MEX Associação Onça D’água - Tocantins Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente - ARCA Associação União das Aldeias Apinajé - PEMPXÀ Associação Wyty Catë das Comunidades Timbira do Maranhão e Tocantins Cáritas Brasileira Regional Norte 2 Centro de Direitos Humanos de Cristalândia Dom Heriberto Hermes - CDHC Centro de Trabalho Indigenista - CTI Coalizão Pelos Rios Coalizão Vozes do Tocantins por Justiça Climática Coletivo Goiás Lixo Zero Coletivo Ideias Urbanas Colônia de Pescadores de Araguacema - Copesca Z-5 Comissão Pastoral da Terra - Araguaia-Tocantins Comissão Pastoral da Terra - CPT Pará Comitê de Defesa da Vida Amazônica na bacia do rio Madeira - COMVIDA Conselho Indigenista Missionário regional Goiás-Tocantins Cooperativa de Trabalho de Catadores de Material Reciclável de Bela Vista de Goiás Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB FASE Amazônia Fórum de Defesa das Águas do DF Instituto Aldeias Instituto Altair Sales Instituto de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental - IDESA Instituto EcomAmor Instituto Madeira Vivo - IMV Instituto Plantadores de Água Instituto Pouso Alto Instituto Santa Dica Instituto Sociedade, População e Natureza - ISPN Instituto Zé Claudio e Maria International Rivers Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB Movimento Estadual de Direitos Humanos e Ambientais do Tocantins Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu - MIQCB Movimento Sos Cerrado Movimento SOS Chapada dos Veadeiros Museu da Águas Brasileiras Núcleo Rondônia do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental Observatório de Conflitos Socioambientais do Matopiba Observatório de Políticas Socioambientais de Goiás Preserva Serrinha Rede Cerrado Rede Jandyras Rede Pouso Alto Agroecologia Sociedade Ecológica Porto das Antas SOS RIO Piracanjuba Territórios Globais - TG Foto Rio Araguaia por Walter Antunes
- Quantas vidas mais a PM vai levar antes de mudarmos esse sistema?
Artigo originalmente publicado no Jornal Empoderado link A Polícia Militar é uma Máquina de Matar: O Genocídio Negro em São Paulo e no Brasil O Brasil é um país construído sobre o sangue negro, e a Polícia Militar (PM) é sua arma mais eficiente. Sob o governo de Tarcísio de Freitas, a PM paulista escancarou essa verdade. Em 2024, o número de mortes dobrou em relação ao ano anterior: uma pessoa é morta pela PM a cada 10 horas em São Paulo. Entre essas vítimas, 83% são negras. Isso não é acidente. Isso é projeto. A PM nasceu na ditadura para reprimir, não para proteger. Seu papel é claro: conter, controlar e eliminar corpos pretos e pobres. Esse racismo institucional está tão arraigado que transcende governos e ideologias. Na Bahia, estado com maior população negra do país é governado pela esquerda, a polícia também caça pretos como se fossem inimigos de guerra. O genocídio negro não tem partido: é uma política de Estado. Por que Fim da PM? O pedido pelo fim da PM é uma luta contra o racismo estruturado e militarizado. Não é o fim da ordem, mas o fim de uma força armada que opera como um exército ocupando territórios pretos. Ninguém pede o fim dos bombeiros ou da polícia civil, porque não são essas instituições que assassinam jovens negros em operações mal planejadas e violentas. O clamor é por uma segurança pública humanizada, uma polícia municipal ou um modelo inspirado na civil, com controle comunitário e foco na proteção, não no extermínio. Dizer que somos contra a PM não é defender criminosos; é defender a vida contra criminosos de farda. É denunciar a impunidade e a licença para matar que a corporação recebe, seja de governos, seja de uma sociedade que aplaude atrocidades. Quem apoia a PM jogando jovens de pontes, agredindo mulheres ou assassinando sem justificativa não defende a ordem. Defende o racismo. A discussão sobre o fim da Polícia Militar no Brasil não se refere à ausência de segurança pública, mas à necessidade de uma reformulação profunda para construir um modelo mais eficiente, justo e alinhado às demandas sociais. A desmilitarização e a criação de alternativas focadas na redução da violência estrutural e na construção de confiança entre polícia e população são passos fundamentais. Exemplos internacionais e propostas locais oferecem caminhos viáveis para essa transformação. Nos modelos de desmilitarização, países como Portugal e Noruega demonstram como a segurança pública pode ser eficaz sem a militarização. Em Portugal, a polícia é voltada para a mediação de conflitos, o que se reflete em índices de violência consideravelmente mais baixos. Na Noruega, os policiais geralmente não portam armas e são treinados com foco em ética, comunicação e resolução pacífica de conflitos, resultando em uma abordagem mais humanizada e menos letal. Outro exemplo de sucesso vem da polícia comunitária, amplamente adotada em países como Japão e Cuba. No Japão, os “koban” são postos comunitários que promovem a integração da polícia com os moradores locais, facilitando a prevenção de crimes através da confiança mútua. Em Cuba, a polícia trabalha em conjunto com lideranças comunitárias, com foco em educação e assistência, o que contribui significativamente para a redução da violência. Abordagens específicas também são aplicadas no Canadá, onde equipes especializadas substituem a presença armada em situações que envolvem saúde mental, intervenções sociais e crises domésticas. Isso não só evita o uso desnecessário da força, mas também promove uma solução mais eficaz e humanizada para conflitos. No Brasil, é possível adaptar esses exemplos, adotando estratégias que diminuam a violência e protejam a população, especialmente a negra e periférica, que historicamente carrega o peso do racismo estrutural e da violência policial. Uma proposta é a criação de polícias municipais descentralizadas, sob gestão local, para aumentar a proximidade e a responsabilidade social, moldando ações conforme as realidades de cada município. Além disso, é essencial que a formação policial seja reformulada, substituindo treinamentos militares por uma abordagem humanizada, que inclua direitos humanos, mediação de conflitos, técnicas de desescalada e comunicação não violenta. O contingente armado pode ser reduzido, priorizando o uso de tecnologias como câmeras corporais e drones, garantindo maior transparência e evitando abusos. Outra proposta relevante é a intervenção social preventiva, que redistribuiria parte do orçamento da segurança pública para áreas como educação, saúde, cultura e geração de empregos, abordando os fatores que alimentam a violência estrutural. Ao mesmo tempo, operações policiais em favelas e periferias devem seguir protocolos rigorosos, supervisionados por entidades independentes, com auditorias regulares para garantir conformidade e evitar excessos. Essas mudanças esperam atingir diversos objetivos, como a diminuição da letalidade policial, visto que abordagens menos armadas e mais qualificadas tendem a reduzir fatalidades. A confiança entre polícia e população seria fortalecida por meio de práticas comunitárias que promovam integração, ao invés de perpetuar a visão das periferias como inimigas. Por fim, a formação baseada em diversidade e direitos humanos ajudaria a combater o racismo estrutural, reduzindo abordagens discriminatórias. Dessa forma, a reformulação da segurança pública brasileira não é apenas necessária, mas também possível. Com modelos humanizados e preventivos, é viável construir um sistema que priorize a proteção e o bem-estar da população, respeitando sua diversidade e garantindo justiça e equidade. Acabar com a Polícia Militar é apenas o começo de um processo necessário de reconstrução. O Brasil precisa de um modelo que não veja o cidadão preto e pobre como inimigo, mas como parte da sociedade que deve ser protegida. A violência policial é o sintoma de um sistema falido, e cabe ao movimento negro e à sociedade organizada pressionarem por mudanças reais e estruturais. Não podemos mais esperar enquanto corpos negros caem. A mudança começa agora. O Papel do Racismo e da Sociedade A violência da polícia militarizada não existe no vácuo. Ela é sustentada por um racismo que perpassa todas as camadas da sociedade. O governo de Bolsonaro não inventou o racismo, mas deu licença para que ele se fortalecesse. Em redes sociais, vemos pessoas abertamente apoiando abusos policiais. Isso não é apenas fruto de ignorância; é a manifestação de uma maldade enraizada. Nos últimos anos, racistas que antes se escondiam agora se sentem encorajados. A ascensão de discursos autoritários deu asas a um ódio antes reprimido. Esses indivíduos não são apenas produto do sistema: são cúmplices ativos da barbárie, legitimando a violência e desumanizando corpos pretos. A Luta do Movimento Negro O movimento negro é a linha de frente nessa guerra pela vida. É ele quem denuncia o genocídio e propõe soluções reais. Ele aponta que a abolição da PM é necessária para salvar vidas. Não é possível reformar uma instituição que foi criada para matar. É preciso substituí-la por algo novo, algo que respeite a dignidade humana, especialmente a dignidade negra. Nossa luta é pela sobrevivência, mas também pela memória. Cada jovem preto assassinado pela PM deixa para trás uma família, uma história interrompida e um futuro roubado. Quando dizemos que vidas negras importam , estamos afirmando que não aceitaremos mais carregar alvos nas costas. A luta para acabar com a PM não é contra a polícia, mas contra o racismo. Não é contra a ordem, mas contra o genocídio. É um grito por justiça, por dignidade, por um Brasil onde os pretos possam viver sem medo. Enquanto a sociedade aplaudir a violência e governos continuarem a legitimá-la, o movimento negro será resistência. Não há outra opção: é viver ou morrer lutando. Solano É produtor audiovisual, filmmaker, fotógrafo, editor e estrategista de marketing político. Escreve no Jornal Empoderado link
- Helena Meirelles
Dona Helena Meirelles sintetiza a magia que existe por Milagre em terras brasileiras. Por Milagre! Vive porque existe. Existe porque vive. Faz música porque é a vida. Faz música porque pulsa e quer. Não existe palco e lamentação. O palco e a lamentação são da vida. Mas a verdadeira vida é magia e música, Dona Helena sabe e diz. Por Milagre!
- Geovana
Gostamos de ser capturados pela sagacidade do tom de Geovana. Sentimo-nos vingados, como brasileiros, por essa inteligência rescendente de um timbre que evoca tudo o que soa perspicácia e irreverência na herança africana de nossas irmãs. Ninguém resiste ao charme, espontaneidade e doçura dessa voz que atravessa firme as décadas ingratas da história do samba na indústria musical brasileira. Uma voz que canta a liberdade sexual na gostosa e viciante "Quem tem carinho me leva", surgida no meio dos anos 1970, e a liberdade fraternal na comovente e não menos viciante "Caminhar", de agora, dos anos 2020. Dessa voz não se diz coragem porque sua força é pura naturalidade e a sua música puro desembaraço. Geovana é ela mesma o sol brilhante que "ilumina a cabeça desse povo" que tem a felicidade de ouvi-la.
- Via Sat
É descoberta. É invenção. Não é mistura. Não é resumo. Tudo pulsa verdadeiro, inteiro e vibrante. Não há facilidades ou ondas para surfar. Um álbum que anos antes de ser lançado já era cantado por multidões na praça. Cantado pelo povo, povo de verdade, povo com sangue nas veias. Um álbum extremamente procurado e raríssimo de ser encontrado, aí sim isso é resumo, não da música, mas da política e caminhos ou descaminhos do Brasil. Neste álbum, pedra rara e visceral, Pácua, Maureliano e todo o Via Sat descobrem o mundo e inventam o Brasil, um Brasil verdadeiro que é feito de inteireza, não de metades, não de meias verdades.
