top of page
Foto do escritorAfonso Peche Filho

Gestão do carbono na propriedade agrícola



A gestão do carbono em uma propriedade agrícola está inserida como ação cotidiana que se traduz em práticas concretas e dinâmicas. Longe de ser apenas um conceito teórico, a gestão do carbono não só é essencial para mitigar as mudanças climáticas como possibilita efetivamente uma agricultura sustentável.


O carbono no solo é fundamental para a saúde e a produtividade agrícola, além de exercer um papel essencial no equilíbrio ambiental. É um componente vital da matéria orgânica, melhorando a capacidade de retenção de nutrientes no solo para disponibilizá-los de maneira sustentável ao longo do tempo.


Solos ricos em carbono também têm uma maior capacidade de retenção de água, o que é crucial para a produtividade, especialmente em períodos de escassez hídrica. O carbono é fundamental para a formação de agregados do solo que mantêm sua estrutura e porosidade, sendo também uma fonte de energia para bactérias e fungos, que desempenham funções essenciais, como a decomposição da matéria orgânica e a ciclagem de nutrientes.


A gestão do carbono na propriedade agrícola pode ser abordada por meio de quatro atividades principais: sequestro de carbono, redução de emissões, manutenção do carbono no solo e comprovação para certificação. Essas atividades compõem o que pode ser denominado de “Modelo de Gestão do Carbono”, específico, de cada propriedade.


O sequestro de carbono refere-se à captura e armazenamento de carbono atmosférico no solo e na biomassa vegetal. As plantas absorvem CO₂ durante a fotossíntese e parte desse carbono é transferida ao solo por meio de raízes, resíduos vegetais e matéria orgânica. Práticas como o cultivo de plantas de cobertura, sistemas agroflorestais e rotação de culturas aumentam o sequestro de carbono, acumulando-o no solo de forma estável.


A redução das emissões de carbono e de outros gases de efeito estufa, como o metano e o óxido nitroso, é essencial para minimizar o impacto da agricultura no clima. Cobertura permanente do solo, aplicação racional de fertilizantes, manejo adequado de resíduos em sistemas de compostagem e o uso de energia renováveis ajudam a diminuir as emissões de gases associados às atividades agrícolas. Agricultura com essas características, evita a liberação de carbono e de outros gases que contribuem para o aquecimento global.


A manutenção do carbono no solo é o processo de preservação do carbono já acumulado pela natureza e pelas práticas agrícolas, evitando sua liberação rápida para a atmosfera. Técnicas como o plantio direto e a cobertura permanente do solo protegem a matéria orgânica e minimizam a oxidação do carbono. Com isso, o carbono permanece estável no solo, melhorando sua estrutura, fertilidade e capacidade de retenção de água, criando um ambiente ideal para o desenvolvimento da vida no solo.


Essas três atividades: sequestro, redução de emissões e manutenção do carbono formam a base da gestão sustentável do carbono, promovendo ambientes mais produtivos, resilientes e alinhados com a conservação ambiental.


As atividades de comprovação para certificação incluem diversas práticas que documentam, quantificam e validam o sequestro de carbono, a redução de emissões e a manutenção de carbono no solo. Essas atividades, quando bem documentadas e verificadas, formam uma base para a obtenção de créditos de carbono, possibilitando ao agricultor não apenas contribuir para a mitigação das mudanças climáticas, mas também gerar uma fonte adicional de renda. A certificação é o processo final em que uma entidade externa verifica e atesta as práticas e resultados de captura de carbono, formalizando os créditos de carbono obtidos.


A gestão do carbono, quando praticada de forma integrada e contínua, promove uma agricultura regenerativa e ecológica, onde o solo, o clima e os recursos naturais da propriedade interagem para criar um sistema equilibrado e produtivo. Esse ciclo virtuoso traz não apenas benefícios ambientais, como a mitigação das mudanças climáticas, mas também fortalece a resiliência da propriedade, aumenta a qualidade do solo e melhora a produtividade, transformando a gestão do carbono em uma aliada essencial para o agricultor do futuro. A figura em anexo esquematiza a gestão do carbono na propriedade agrícola.


Afonso Peche Filho

Pesquisador Científico do Instituto Agronômico de Campinas





Katawixi é um lugar de crítica,
análise e divulgação de pensamentos, pontos de vista filosóficos, práticas
e produtos culturais, livres de vínculos institucionais, 
concebido por
Luama Socio e Walter Antunes.
 
Katawixi é antes de tudo o nome de um povo que flutua agora em algum lugar na Amazônia.
bottom of page