Brincadeiras muitas e memes, muitos memes à parte, está na hora de resolver se isso é mesmo uma eleição da "última oportunidade de salvar o país", de "vencer o monstro do fascismo", ou apenas um entretenimento festivo para distração das mentes brasileiras.
As coisas:
1 Um dos principais motes da campanha do PT é a urgência diante da miséria que assola o país, com boa parte da população sem ter o que comer, usando como retrato de tudo isso as cenas terríveis com as pessoas em desespero em filas para adquirir ossos.
2 Em entrevista recente publicada em revista norte-americana, fartamente reproduzida a sua capa pela auto-proclamada militância, o candidato Lula respondeu que não tem proposta econômica para o país neste momento, que a economia se discute depois da eleição compondo com as forças que vão governar (foi perguntado a ele sobre o futuro e não sobre o seu governo do passado).
3 Além dos inúmeros memes distribuídos para produzir envolvimento nas redes sociais, memes "fofos" e inócuos em termos de conquista de votos contra o "fascismo" e a tragédia que assola o país, memes que transmitem a ideia de que está tudo bem, tranquilo e feliz no país, surge agora a bizarra conversa de "lula com chuchu - um prato para acabar com a fome dos brasileiros".
Mensagem ofensiva a quem não tem gás para cozinhar, que não tem dinheiro para comprar pão, para quem vai trabalhar à pé por não ter dinheiro para a condução. Mensagem ofensiva para quem ainda não perdeu o senso do ridículo e a própria inteligência.
4 Detalhe ainda mais constrangedor desse prato que vai "acabar com a fome" enquanto as pessoas estão na fila do osso, é que não surge da iniciativa dos simpatizantes, mas do próprio comando de campanha de Lula.
Outro detalhe não menos absurdo: o preço do quilo de lula fresca é em torno de 60 reais. É isso mesmo? Essa brincadeira com receita para acabar com a fome dos brasileiros que está no site e na campanha do Lula começa com 60 reais o quilo?
5 Muitos eleitores e "militantes" passaram a ter um comportamento de replicantes de material inócuo que não toca as mentes da população, que precisaria ouvir e saber de argumentos para votar. Muitas pessoas passaram a ter o comportamento de fã-clube e não estão abertas ao debate político para fora das suas bolhas imaginárias. Se não conseguem dialogar com parceiros de longa data, como vão conquistar o voto do eleitor abduzido pela doutrinação fascista?
6 Pela máxima "derrotar o fascismo e salvar o Brasil" promove-se a perseguição a qualquer um que mantenha a lucidez e a crítica, com a utilização de acusações como "traição, entreguismo, fascismo" e outras bizarrices, acusações feitas pela "militância" que se transforma a cada dia em fã-clube cego e infantilóide. Vejam linchamento recente feito à Fernanda Montenegro.
7 Se alguém ponderar sobre o passado histórico e o perigo do vice, sobre a morosidade da campanha, a falta de clareza para o debate do momento presente em contrapartida com as realizações de 20 anos atrás, se debater sobre a incoerência de alianças com aqueles que tramaram contra a presidente Dilma, a pessoa é imediatamente colocada no paredão fantasioso dessa "militância fã-clube". Na impossibilidade do fuzilamento real nesse paredão acontece o cancelamento e a inclusão nas listas (todos sabem que existem essas listas de cancelados). A pessoa nem precisa entrar na esfera de se assumir compromissos definitivos com os povos indígenas, quilombolas, trabalhadores sem acesso à terra, qualquer coisa dita serve como pretexto para cancelamento.
8 Não bastasse a inoperância dos partidos políticos, das instituições brasileiras, da população, que permitiu que o ocupante (mesmo com o genocídio) se mantivesse no cargo maior do país e ainda que pudesse estar de igual para igual com os outros candidatos como se fosse um democrata e não um inimigo da democracia e do povo, ainda temos um posicionamento festivo e pouco definido da campanha de Lula.
Detalhe importante é que muitos do "fã-clube" consideram as outras candidaturas um desserviço ao enfrentamento do "candidato fascista", exigem a retirada dos candidatos e o apoio direto ao Lula, algo que contraria a essência da democracia e tudo o que Lula sabiamente sempre defendeu: a liberdade e a pluralidade de visões e opiniões.
9 Toda semana surgem notícias de alteração do comando da campanha de Lula. Isso sugere transferências de responsabilidade, ninguém assumindo responsabilidades, o que contradiz completamente o argumento da gravidade do momento e da importância desta eleição, "a última oportunidade de nossas vidas de construirmos um país de verdade".
10 Ao mesmo tempo em que se faz a campanha pela necessidade de eleger uma grande bancada "progressista" para o congresso, pouco se propaga e pouco se define efetivamente. Vejam o exemplo do estado de São Paulo sem nenhum nome definido para a disputa ao senado. Vejam Minas Gerais sem nenhum candidato do campo "progressista" ao governo estadual.
11 Um observador atento às pesquisas, sabe que a vantagem que a candidatura Lula apresenta no atual momento (em qualquer instituto de pesquisas) não é suficiente para vencer a eleição no primeiro turno e que da forma que o cenário está posto também não garante vitória no segundo turno. Apenas a conquista de mais eleitores através de trabalho incessante no cotidiano das ruas junto ao povo é que pode produzir a vitória. Redes sociais, novas mídias e antigas importam, mas nunca substituirão o trabalho da conversa olho no olho com o eleitor. O problema aqui é: o que foi feito da aguerrida militância? Quem foi que ano a ano trabalhou pela desmobilização da militância através do esvaziamento dos núcleos de participação do partido?
12 Numa ponta da teia temos um "fã-clube" agressivo que não aceita nenhum questionamento sobre qualquer tema que envolva personagens do PT ou das administrações passadas do partido, nada que envolva debater antigas e novas alianças com personagens não apenas suspeitos, mas condenados por corrupção, pegos com as malas de dinheiro do povo na mão.
Os partidários do método "fã-clube" de fazer política pregam como fanáticos: "não é hora de debater", "o debate promove divisão", "o Brasil vai acabar se Lula não vencer no primeiro turno", "é a luta do bem contra o mal", "você prefere o satanás e não o Lula?". Parecem os seres replicantes da "Revolução dos Bichos" seguindo o "Garganta", porta-voz da fábula.
Na outra extremidade da teia temos um repetitivo e monótono discorrer sobre um passado que para o povo é longínquo, distante da realidade de 2022, longe do que se espera para o futuro, uma não abordagem dos temas essenciais ao povo: trabalho, emprego, comida na mesa para a família. Esse discorrer vazio de "feliz de novo" não toca o coração das pessoas, nem as que viveram o período do governo Lula e Dilma, nem as que não haviam nascido em 2003 e vão votar neste ano.
Risoto de chuchu com lula, foto de sunga, foto de bolo de casamento, remix de música, coraçãozinho feito com as mãos e beijinhos pra torcida são produtos para a bolha do "fã-clube", não dialogam com a massa dos pobres que foi obrigada a se adaptar a sobreviver sem contar com nada e ninguém, batendo o escanteio e correndo para cabecear (para usar uma imagem simples do futebol que Lula tanto adora).
O povo diz em resposta: "ACORDA!!"
13 Por tudo que aconteceu desde o fim da ditadura dos generais, nessa sempre nascente e frágil democracia brasileira, há percepção de que a letargia e a falta de clareza e objetividade, se não forem resolvidas até o final do mês de maio, impossibilitarão o tempo para recuperação posterior.
Não adianta deixar para setembro, quando as torneiras dos recursos governamentais (dinheiro do povo) estiverem abertas, quando as redes de mentiras e ódio estarão a todo vapor e as lideranças locais e regionais de coronéis estiverem em plena ação colocando o cabresto sobre o voto do eleitor.
Nota:
Essas observações são de quem está atento ao país e às eleições, eleições que muitos querem seja tutelada.
Não consideramos aqui apenas o momento "bom" das pesquisas, mas o que pode acontecer até o 31 de dezembro de 2022, incluindo nisto o comportamento deslumbrado que levou aos resultados da eleição de 2018.
Apenas quem lucra com o sofrimento do país ou quem é louco deseja a continuidade do que está aí destruindo o Brasil e matando o seu povo.
Todos os que têm críticas aos governos do PT, ainda assim torcem por uma vitória contra o genocida para que cesse a insanidade que tomou conta do país.
Quem tem lucidez sabe que o povo terá que passar a fazer política no dia a dia. Não basta votar e esperar que uma única pessoa reconstrua ou construa um Brasil que está para ser feito desde 1500.
Ainda há tempo para se trabalhar pela vitória. Se é que o objetivo disso tudo é mesmo a vitória sobre o "fascismo" para reconstruir o país e não apenas cumprir tabela, jogar pra agradar a torcida "fã-clube" organizada, sem na verdade se importar com o resultado final, um show de entretenimento.
Se for pra valer mesmo tem-se que abandonar o meme-feliz, apresentar propostas sobre o hoje (não o passado), colocar as sandálias e ir até onde o povo está.
Ainda há tempo!
Desde 1500, ainda há tempo!
Saudações do Corinthianismo!
Boa Lua de Maio para Todos!!