Já faz um bom tempo que vários pesquisadores e técnicos vêm alertando que a própria estrutura do sistema produtivo da agricultura brasileira tem associado sua existência à superexploração dos recursos do solo e da água.
É comum ver propriedades agrícolas, grandes ou pequenas, praticando uma agricultura primitiva que de forma desequilibrada promove uma crescente afetação do equilíbrio produtivo nos diferentes ecossistemas brasileiros.
Da mesma forma, outros autores enfatizam que a oferta de crédito e uso indiscriminado de tecnologia tem levado muitos agricultores a tomar decisões erradas de investimentos, aumentando os riscos de insolvência e perda da terra.
A queda da capacidade produtiva do solo e a escassez de água são lentas, produtos de impactos ambientais cumulativos como é o caso da compactação do solo e o assoreamento de represas e lagos.
O aumento da produtividade de lavouras e a rentabilidade de mercado em determinadas condições pode ocultar a degradação lenta e progressiva das terras.
Em áreas irrigadas, a perda da capacidade produtiva pode ser ainda mais rápida e severa. O alto investimento tecnológico com manejo inadequado condena o irrigante a uma situação crítica que em muitos casos o excluí da atividade.
Soma-se a esta dramática situação, o passivo ambiental gerado e um alarmante processo de destruição contínua aumentando a vulnerabilidade ambiental às chuvas tropicais e à radiação solar intensa.
Áreas degradadas desqualificam propriedades e causam impactos irreversíveis aos cursos d’água. Assim, começa a decadência do espaço rural nos municípios. Com política de desenvolvimento agrícola pífia o município degrada seu território no atacado e faz gestão ambiental no varejo.
Afonso Peche Filho
Pesquisador Científico do Instituto Agronômico de Campinas