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- No meu corpo vulcão
TRANSPASSA Eu tenho um corpo Que transpassa as vias da emancipação Tenho um corpo, que transpassa As vias da emancipação Tenho um corpo aceso Um corpo estereotipado Queimado num sol seletivo Um corpo quente, suado, forjado pra guerra Tenho marcas de um açoite contemporâneo Corpo bronze Estampado nas prisões Tenho um sangue coagulado Convertido em lavas que correm no meu corpo vulcão Corpo sem lugar fazendo-se de escudo e templo Tenho um corpo estigmatizado Subestimado Largado em praças, sem casa, sendo caça Corpo sem trabalho, sem boa aparência Fazendo-se de lugar e templo Tenho um corpo que transpassa as vias da emancipação Um corpo... Subjugado a nada Somente um corpo que cabe nas brechas da conveniência Cabível nas estatísticas Um corpo MIXcigenado Preto no que me cabe E entregue aos conflitos do mundo. ***** Precisamos recriar nossa revolução Recriar Poemas luta Poema guerra Poema imensidão Procuramos nas linhas da memória Resgatar raízes Fortificar as bases Fortalecer os oris Em meio às avalanches de desigualdades que estão à nossa volta Soltaremos um brado de liberdade Brado de guerra Empunhamos a magia de nossos ancestrais Para sermos invencíveis E invencíveis seremos ao partilhar nossas conquistas Invencíveis seremos se estarmos juntos Junto não só na palavra sem olhar trocado Junto pra rir e pra rangir Junto para seguir Pra ser mais e mais E cada vez mais preparar nossas continuidades Embora temos muitos avanços A liberdade ainda não foi garantida E se nos constituímos quilombo Seguiremos didé Seguiremos odara Seguiremos ocupando todos os espaços. ***** AGONIZA Corta essa sua carne dura e sangre Se for o único jeito de descobrir suas estradas Ferida aberta Falsa promessa Corta Corta essa Essa falsa fortaleza Corta essas certezas Deixa jorrar esse sangue Nesse peito aberto Enfia no oco seu ego Faze o presente ser eterno Cava suas memórias E reviva. ***** Eu G O T E J O Palavras Me embrenho por dentro das minhas moradas Me afirmo astuto Olho na caça e pés firmes para o próximo passo Eu, carrego no nome a seta Eu, cravo no peito e acerto a sina de quem me segue Tem cordão de ouro na minha flecha E sobre a mata Caminhos. ***** A cara nua Olhar com brilho de chuva Um pingo de traços de atraso Um pingo de ironia na boca de café Poesia Não é só viver de sonhos É trazer os sonhos para a nossa realidade Ainda sonho com banhos de sol na laje Poesia É retratar o desespero com leveza Mas, meus traços não carregam levezas futeis Então A escrita me salva Sou quem sou Como sou Dentro e fora Inundada ou vazia Sou como sou Dentro e fora da poesia. Raquel Almeida é poeta, é paulista, filha de nordestinos criou-se no bairro de Pirituba, na favela de Santa Terezinha autora dos livros: Sagrado sopro – do solo que renasço , 2014 Contos de Yõnu , 2019 blog Raquel Almeida : rakaalmeida.blogspot.com Coletivo Literário Sarau Elo da Corrente elo-da-corrente.blogspot.com IMAGEM árvore-corpo-vulcão por Walter Antunes
- Capoeira e arte-educação: corpo, mente e emoção
As palavras arte e educação expressam bonitas ideias sobre qualidades humanas em seu domínio próprio, que é o da cultura. Somos humanos à medida que cultivamos aquilo que nos torna humanos. Entre as coisas que nos tornam humanos estão a arte e a educação, ideias dinâmicas que devem se expressar em imagens de processos e práticas em movimento e desenvolvimento. O que se move e se desenvolve é o corpo, o pensamento e o sentimento de quem cultiva a arte e a educação. Observando sua estrutura integral, a qual aponta nitidamente para o movimento e o desenvolvimento de cada uma dessas “partes” do ser humano, a Capoeira pode ser considerada uma forma bastante completa de prática cultural humanizadora. Tudo o que é música, poesia e história na Capoeira movimenta e desenvolve os sentimentos, as emoções, o coração. Ao entrar em contato com uma canção tal como “Jogo de Angola”, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, os sentimentos são mobilizados pelo ritmo do samba, que estimula o corpo simultaneamente à letra poética, que por sua vez estimula a imaginação, tendo o tema da Capoeira como elemento de ligação entre a vivência individual e todo o conteúdo histórico, cultural e coletivo relacionado à arte. Aqui o indivíduo se “sente” imerso nas emoções de alegria e tristeza, com suas variadas gradações de acordo com a vivência de cada um. Se tal riqueza de sentimentos é passível de ser mobilizada pela simples audição de uma canção gravada, quanto mais será expandida no engajamento ativo pela participação numa roda, em que melodia e ritmo fluem de toda parte. “Berimbaus, atabaques, ganzás, agogôs, pandeiros, tudo é som e movimento. (…) A música é um dos instrumentos de preservação da memória, transmitindo as tradições de diferentes épocas do passado da Capoeira. (…) as cantigas irão acompanhar e descrever - numa linguagem peculiar - as situações que acontecem na roda, quando não ocorre do canto determinar, de forma sutil, o desenvolvimento das ações. A poesia pode significar uma provocação a alguém ou uma brincadeira com qualquer dos capoeiras; pode traduzir uma advertência à forma muita das vezes perigosa em que transcorre o jogo; pode ser ainda a reverência a um orixá”, explica Camille Adorno no livro “A arte da capoeira” (p. 64). O que chamamos aqui de “música”, inclui - além da arte que contempla a produção de aspectos especificamente rítmicos, melódicos, harmônicos e timbrísticos, formando gêneros específicos -, a arte da palavra, presentificada também em gêneros diversos, desde improvisos até cantigas e ladainhas, preenchidas de poesia e história. Os sentimentos estimulados e desenvolvidos através da música e da poesia podem ser capazes de gerar a energia necessária ao desenvolvimento dos aspectos corporal e mental. Ao se emocionar o ser humano se abre para a construção do conhecimento em nível intelectual. O contato com a música aponta para reflexões sobre a importância da Capoeira como elemento cultural no contexto histórico e político concomitantemente vivenciado nas emoções. Através de reflexões impulsionadas pelo acesso a filmes tais como “Besouro” ou “Mestre Pastinha: uma vida pela Capoeira”, a livros, textos, bate-papos, rodas de conversa e leituras, desenvolve-se a habilidade de um pensamento crítico a respeito da função da Capoeira na sociedade. A construção desse conhecimento é ampla, podendo se concentrar nas especificidades culturais da própria arte, com a história e o papel de cada um de seus elementos, desde os instrumentos, gestos, origens, variações e mestres, até às importantes ligações da Capoeira com a luta antirracista pelos plenos direitos políticos à igualdade: “investigar a proveniência da capoeiragem no Brasil requer analisar a condição de vida dos negros escravos, as tradições africanas, o encontro entre diferentes etnias africanas e brasileiras, o contexto escravista, a conexão de diferentes linguagens”, explica Sonaly Torres da Silva em “Capoeira: movimento e malícia em jogos de poder e resistência” (p.29). Aqui se delineia a Capoeira como um poderoso instrumento de educação do pensar crítico, a partir do estímulo a investigações e reflexões. O conhecimento da arte, no entanto, só pode ser considerado efetivo, quando é vivenciado pelos membros do corpo visível. Ao se constituir em gestos específicos na esfera motora, na ginga, que é dança e é luta, aquelas emoções, histórias e conhecimentos da Capoeira, já contidos no corpo invisível das emoções e dos pensamentos, literalmente se materializam como forma de vida. Arte é sobretudo “vida” na acepção de emergência de “sentido”, de realização de uma forma almejada, de presentificação de uma cultura. A vivência da dimensão corporal, motora, a presença física na roda, é o aspecto acabado, “completado”, da Capoeira. Aqui o corpo individual se realiza ao mesmo tempo que também é integrado ao corpo grupal, o qual é apreendido pela noção de coletividade ao mesmo tempo que também é vivenciado por relações específicas, seja entre pares, seja entre diferentes. A prática física, na roda, é a encarnação, a vivificação, a atualização da Capoeira, em simultaneidade com as emoções e conhecimentos. Embora a Capoeira possa ser apreendida a partir de impulsos e objetivos individuais, tais como considerá-la apenas um instrumento de condicionamento físico, por exemplo, sua própria estrutura impõe a vivência como “convivência” ao praticante. Essa especificidade dá sentido e importância ao corpo físico como modo de presença, ou seja, como elemento central da cultura humanizadora. Certamente é possível assistir a alguns vídeos de Capoeira e imitar seus gestos em casa, solitariamente, mas, com certeza, isso não poderá ser nomeado de Capoeira, ao contrário de outras práticas físicas, que podem ser realizadas integralmente sem a presença de outras pessoas. Isso mostra como a Capoeira é uma arte que nasce de uma visão de mundo integral, típica da sabedoria de povos originários, em que as dimensões física, emocional e intelectual dos seres humanos são todas simultaneamente vivenciadas, estendidas à convivência em grupo, ao viver cultural, em oposição à visão de mundo fragmentária e fragmentada, a qual, por sua vez, é típica do modo de vida colonizador, europeu. Por mais que a Capoeira possa ser identificada como tal a partir das características expressões da ginga - movimentos tais como Negativa, Resistência, Meia-lua de Frente, Aú, Bênção, etc. -, ao mesmo tempo parece ser impossível determinar uma padronização para o movimento de seu jogo, o que corrobora a arte como esse espaço próprio ao desenvolvimento do corpo individual e coletivo ao mesmo tempo, ou seja, como um espaço educativo, sem que tal seja especificamente enunciado, porque a educação, numa visão de mundo integral, se faz pela abertura a uma liberdade possível a partir da determinação cultural vivida espontaneamente (lembrando aqui que originalmente as rodas de Capoeira se davam no cotidiano da cidade). É por isso que preferimos aqui chamar a Capoeira de arte, e não de esporte ou luta, embora também seja um esporte e uma luta. “Não se pode classificá-la observando somente a função técnica dentro das possibilidades e aspectos da luta. Nesse caso ocorreria uma limitação dos elementos componentes, levando a uma padronização - ou estilização - derivada do seu emprego reduzido a apenas um propósito. Seria como se estabelecêssemos uma analogia entre a ginga, na Capoeira, e as bases das lutas orientais, ou a troca de pernas no boxe. Se admitíssemos esta relação, a ginga não mais diferiria das posições de luta mencionadas, apesar da sua dinâmica e uso indispensável. (…) Existe um princípio de movimentação em equilíbrio, com as ações circulares típicas do jogo, que determina uma forma de ginga para cada jogador, atendendo a suas características e preferências. (…) As padronizações - ou estilizações - levam à diminuição do espaço reservado à arte, aos improvisos de cada jogador, empobrecendo e descaracterizando o jogo, invertendo suas finalidades”, explica Camille Adorno (p.83). A palavra jogo também é uma ótima maneira de referirmo-nos à Capoeira, mas seu significado é mais generalizante do que o de “arte”. Segundo Johan Huizinga, em sua obra “Homo Ludens”, o jogo pode ser considerado um fenômeno anterior à própria cultura e sua primeira característica é justamente a liberdade: “Antes de mais nada, o jogo é uma atividade voluntária. (...) Chegamos, assim, à primeira das características fundamentais do jogo: o fato de ser livre, de ser ele próprio liberdade” (p.12). O jogo é essa espécie de elemento contraditório no seio da cultura, já que confronta a própria noção de sociedade como a forma de vida considerada normal, cerceadora da liberdade à medida que se estrutura e se fixa em leis e regras. Talvez, por conta de sua natureza de “jogo”, a Capoeira vai se metamorfoseando livremente em estilos diferentes, partindo do tipo Angola para se ramificar em Regional e Contemporânea. Nesse sentido a Capoeira filia-se adequadamente ao significado de “jogo”, expressando, desde suas origens, justamente a liberdade inerente à vida daqueles que eram considerados escravos pelas classes dominantes escravagistas. Ao filiar a Capoeira ao significado de “arte”, no entanto, operamos uma aproximação à ideia de educação, à medida que se pode tomá-la como uma espécie de instrumento para a evolução das potencialidades humanizadoras da cultura. Portanto, embora seja bastante comum a identificação da Capoeira como uma atividade eminentemente de destreza física, essa acepção se configura extremamente incompleta porque não leva em consideração a sua integralidade. Mas considerar a Capoeira como arte, ao mesmo tempo que a vincula a uma noção educativa, garante também sua total independência e autonomia em relação a essa esfera. Isso ocorre da mesma forma em todas as artes, as quais devem ser consideradas em seu valor intrínseco, pois embora a pintura, o desenho, a escrita, constituam importantes instrumentos educativos, isso acontece porque essas artes existem em si, para si. Van Gogh, Tarsila do Amaral ou Machado de Assis foram pintores e escritores e não educadores, e suas obras são quadros e livros e não rascunhos, anotações e processos de aprendizado. Aqui novamente somos remetidos ao aspecto cultural da Capoeira, o qual se delineia mais precisamente a partir de uma visão do plano mental. Nesse sentido aprende-se que há um nível na arte que ultrapassa essa instrumentalidade a qual a define como algo a ser utilizado pelo ser humano em direção ao desenvolvimento de habilidades gerais (os objetivos educacionais). Existe um nível em que o ser humano é que será o instrumento da arte, ele é que vai alimentar e sustentar a Capoeira, criando níveis de excelência dentro de seu gênero. Aprendemos sobre isso acessando a história dos mestres e, com sorte, convivendo com algum deles. Assim, a Capoeira, como instrumento educativo, deve ser também uma porta de entrada para níveis de excelência reservados aos futuros mestres, os quais são, na verdade, os guardiães da arte. Do ponto de vista da educação, situamo-nos, ironicamente e contraditoriamente, na posição de fomento ao desenvolvimento integrado das dimensões emocional, física e mental do educando, justamente fazendo parte de um projeto de civilização baseado no desenvolvimento fragmentário dos saberes e disciplinas, ou seja, imersos em um ambiente que preconiza o contrário da expressão de uma prática cultural tal como a Capoeira que é, em si, atividade integralizadora. É a ciência da educação que olha para a Capoeira discernindo em sua estrutura o direcionamento aos aspectos físico, emocional e mental e apontando para suas especificidades, ao passo que, em sua prática, a Capoeira é a vivência simultânea desses aspectos. Nesse sentido a Capoeira vai de encontro a um certo anelo da educação, que é fomentar o desenvolvimento integral do ser humano. Podemos encontrar essa aspiração educacional em diferentes correntes teóricas, desde os escritos de Paulo Freire até a teoria psicológica de Piaget, passando pela pedagogia Waldorf - a qual concebe a arte como aspecto central e privilegiado no processo educativo – dentre outras para, por fim, a própria educação ser considerada também uma forma de arte, como diz Paulo Freire: “Para mim, a educação é simultaneamente um ato de conhecimento, um ato político e um ato de arte”. Imagem: Walter Antunes
- Internet e extinção
Walker Dante e Roselena conseguiram dar um tempo na vida online, foram pescar, e entabularam uma conversa filosófica sobre a internet... Walker Dante - Gosto da famosa definição de Marshall McLuhan sobre comunicação: "o meio é a mensagem". Se você considerar cada um dos meios que vier à mente e selecionar uma única frase que possa condensar a mensagem correspondente, veja como fica: a mensagem da música é: ouça-me; da dança: imite-me; do desenho: veja-me; da escrita: decifre-me; da carta: responda-me; do livro: leia-me; do jornal: fique sabendo; do cinema: fique aqui; do rádio: acompanhe-me; da televisão: obedeça-me; da internet: compre-me. Roselena - Boa. Para você o significado de "mensagem" tem a ver com a emissão de uma espécie de comando. E além disso você encaixou o esquema do panorama evolucionista da teoria dos meios de comunicação dentro da teoria do McLuhan. Assim o que a gente chama de internet seria o resultado da evolução das espécies de comunicação. Walker Dante - Sim, isso é uma questão de culturas, umas indo para dentro de outras e todas coexistindo de alguma forma no contexto de uma nova forma de comunicação. Roselena - Então, para você, o que define a cultura é a forma de comunicação? Walker Dante - Esse é apenas um ângulo da questão... Roselena - Esse jeito de pensar não explica uma série de fenômenos associados ao tema da questão da comunicação, que vão desde tópicos tais como tecnologia tomando o lugar da ciência, o tema da indústria, dos objetos, a economia e a política, até os elementos estéticos, organizacionais, comportamentais, imagéticos e psicológicos... Walker Dante - Claro, cada um desses aspectos pode ser investigado extensamente dentro das linhas de seus campos correspondentes, mas, o meu ponto de vista aqui, busca apontar para um comportamento humano que possa ser observado como elemento universal relativo à questão. Veja como as ações induzidas por cada um dos verbos (ouvir, imitar, ver, decifrar, responder, ler, saber, ficar, acompanhar, obedecer, comprar) também vão evoluindo, em nível de sentido do significado, desde atividades passíveis de serem completadas no nível do próprio corpo humano, para atividades que se deslocam para fora do espaço corporal individual. Proponho observarmos, nestes exemplos de verbos, o fato de que há neles, na ordem colocada, uma evolução de modos de comportamento, que vão passando da dimensão sensível para a simbólica. Quando os verbos passam a evidenciar distância, seja de espaço ou de tempo, no conjunto do fenômeno da comunicação, imiscui-se aí o paradigma da quantificação no entendimento de seu sentido, em contiguidade com a expansão do campo simbólico. A partir daí o conceito de evolução identifica-se com a intensificação dos tópicos da velocidade e do volume. Essa intensificação corresponde ao aumento da importância do campo simbólico envolvido no fenômeno. Soma-se a isso o fato de que, velocidade e volume são, para a maioria das pessoas envolvida nos processos de comunicação, algo apreendido como abstrato. Embora haja um lastro de correspondência concreta no significado dessas apreensões, relativo à infraestrutura necessária para a manutenção do processo de comunicação, isso está tão distanciado do "usuário" dos símbolos, que gera a abstração como uma realidade, ocupando o lugar daquilo que costumamos classificar como "concreto". Você consegue perceber quanta ironia há nisso? Quem diria que justamente as objetivas "qualidades primárias" da filosofia empirista é que se destacariam à percepção induzida pelas abstrações forjadas pelos jogos de símbolos na era da cibercultura... desculpe essa digressão, mas é interessante testemunhar a passagem dos atributos da materialidade objetiva para a dimensão simbólica naquele velho processo de forjar o disfarce do saque através do truque da abstração. Chegamos ao ponto em que o símbolo virou matéria de posse e domínio nas mãos das empresas que comandam a cibercultura. Nada mais é imaterial nesse mundo. Roselena - Mas aí você não está diferenciando de forma clara os meios de tecnologia mecânica, especificados pelo manuseio físico por um lado, e o desenvolvimento das tecnologias simbólicas de outro... por exemplo: a diferença que existe entre uma câmera fotográfica do século XIX e um computador do século XXI. Walker Dante - Não estou me referindo a continuidades de paradigmas científicos ou tecnocientíficos, mas sim ao esquema fenomenológico da questão da comunicação no contexto cultural. Nesse sentido, McLuhan explica que os "meios de comunicação são extensões do homem", portanto, da mesma forma que as máquinas mecânicas, tais como um trator - uma esteira de indústria, um telescópio, uma caldeira, um avião -, são extensões de braços, olhos e pernas, funcionando em velocidade e volume maximamente aumentados, as máquinas digitais são extensões das habilidades simbólicas, funcionando em velocidade e volume maximamente aumentados. Considere que, ao falar assim, estou apenas me esforçando para ser didático, pois não dá para abarcar nesse momento todos os hibridismos decorrentes das combinações técnicas possíveis entre a mecânica e a eletrônica (adicionada da cibernética digital), por exemplo, tais como as técnicas da mecatônica computadorizada, etc. Roselena - Permito-me concluir, então, que a proposição dessa sua prosopopeia inspirada no McLuhan fala da intenção e foco de um emissor ocultados pela forma comunicativa advinda do poder intrínseco dos processos de comunicação... Walker Dante - ... sei lá, mas acho que é importante perceber que a nova ordem elimina todas as anteriores. De um ponto de vista radical não há relativismo, do tipo: "sei que a internet é um mecanismo de exploração do meu trabalho intelectual, mas também, em troca, me oferece a vantagem de facilitar minha comunicação com um público que eu quero atingir". O que eu quero dizer é que, mesmo essa nossa conversa aqui, não é mais uma conversa ou um texto para ser lido. Isso aqui é a moeda com que estou comprando a internet. É assim que ela me explora: ela está sempre me vendendo e eu estou sempre pagando. Claro, em troca do pagamento tenho a convicção de que recebi "algo" correspondente ao meu pagamento... nesse ponto a internet é apenas mais um empreendimento do sistema capitalista baseado no lucro. Esse "algo", seja o que for (um espaço para publicação, um feedback, uma "amizade", um "romance" ou a sensação de estar colaborando com o acervo de conhecimentos do big data em prol do progresso da humanidade) é inevitavelmente apenas estruturante do "compre-me" e não tem relação nenhuma com a "natureza" da finalidade do fenômeno de comunicação nomeado aqui de internet. Essa cisão assimétrica entre os interesses das instâncias do processo que a gente está chamando aqui de comunicação, se aplica a todos os outros meios. O leitor está dado pelo livro, o telespectador pela televisão e o comprador pela internet. O meio de comunicação é a mensagem e a mensagem é a ordem. Essas coisas, leitor, telespectador, comprador, são dadas pelos meios. Não existiam os leitores antes dos livros. Os historiadores dizem que antes do leitor houve o "desejo" de alguém se constituir leitor. E como explicam os psicanalistas, desejo é moeda. Quem deseja mais, paga mais. Claro, essa minha frase foi metafórica, não quis confundir os verbos da ordem dos meios de comunicação mas, de um ponto de vista psicológico, podemos dizer que a ação é função do desejo e, uma certa maneira de explicar essas relações, permite ligar diretamente as ideias de desejo e moeda. Mas não entraremos nessa via. Tenha em mente a explicação dos sociólogos, economistas e políticos a respeito do capitalismo, o sistema que estrutura o lucro. Lucro é uma maneira técnica de conceituar o que na antiguidade poderia ser chamado de roubo. Você sabe, o capitalismo hoje é capitaneado pela internet. Roselena - Retiro o que eu disse... na verdade acho que não tem nada oculto na internet. A IA (Inteligência Articificial), a mais recente expressão da cibercultura, é a própria morte, e enterra quem a usa. É o próprio roubo propagandeado. No whatsapp, por exemplo, a inserção obrigatória recente, do "campo" da IA no formulário do usuário, equivale a um anúncio dizendo que estão te roubando... Walker Dante - Sim, a universalidade da internet consiste nas seguintes reduções: o único gênero textual praticado no ambiente da cibercultura é a propaganda, sua única filosofia é a do roubo, sua única ontologia é a morte e a sua única existência é a positividade. Roselena - Ao colocar as coisas dessa forma, chocantemente simplificadas, o seu "compre-me" fez mais sentido, pois o que você chama de "universalidade" são distorções que, para serem implementadas, precisam ser "compradas", no sentido de, doravante, introduzirem aquele outro sentido para a vida, tão valorizado nesses termos: a inovação. Nesse caso, vejo que o sujeito do conhecimento implícito nessa inovação é o algoritmo, essa espécie de armadilha para a captura de tudo o que possa ser considerado conhecimento no ambiente da internet. Walker Dante - Talvez seja mais correto definir o sujeito como "o capitalismo", concordando com a conclusão que depreendemos da obra da professora Eni Orlandi, que faz análises sobre o discurso do povo, antes mesmo da internet. Nesse sentido o algoritmo, a partir da internet, emerge como a principal linguagem estruturante desse capitalismo. Mas você tocou num dos pontos-chaves da ideia de "inovação" alavancada pela cibercultura. O novo campo econômico de exploração capitalista fez declinar as anteriores instituições do conhecimento. A credibilização do big data gerou a descredibilização das outras instituições. É fácil observar como o "conhecimento", migrado de todos os processos das instituições anteriores, foi barateado infinitamente através da confiança generalizada nas plataformas de extração do big data e na sua exequibilidade. Do ponto de vista do projeto transumanista, o que o big data gerenciado pelos algoritmos da IA expressa, é a pretensão do número extinguir-se a si no paradoxo da incomensurabilidade quantitativa. Esse é o ponto alto do antiquíssimo ilusionismo da aritmética na pretensão do salto para fora da crassa computadorização, o sonho da passagem da dimensão quantitativa de seus informadores para a dimensão da "singularidade". É a nova roupagem do velho truque da abstração, que pretende atingir a forma idealista de uma nova dimensão qualitativa por consequência da magnitude quantitativa. Sabemos, no entanto, que o sentido desse dualismo refere-se apenas ao nível cognitivo da ordem técnica, instrumental, metodológica ou linguística, o que exclui a possibilidade de correspondência justamente à pretensão de seu ultrapassamento no nível metafísico. No esquema da construção do conhecimento não tem como a abstração ultrapassar a "entropia" oculta no âmago do seu próprio funcionamento. A rigor, a internet, como meio de comunicação, promove a extinção de formas de vida que aparentemnte não seriam exatamente conexas ao campo dos fenômenos do processo de comunicação, ao incluí-las no funcionamento de sua economia. Mas esse tipo de estranheza pode ser comparado às estranhezas introduzidas junto às mutações culturais contíguas ao advento de quaisquer outros meios de comunicação. Portanto a IA não é um novo sujeito, mas sim o mesmo de antes, aparentemente mais forte, no entanto, porque é nosso contemporâneo, adequado ao momento do tempo histórico. Em complementaridade, o sentido de "inovação" como sentido da vida, para o usuário, equivale à potencialidade consumista inerente à cibercultura, essa cultura do controle, que, se fosse como um triângulo, seria formada pelas pontas do acúmulo, do lucro e do consumo. Roselena - É... o que mais me espanta mesmo é esse totalitarismo. A internet abrange todos os comércios, todas as relações subjetivas, todas as artes, todos os trabalhos, todas as ciências... Mas amigo, é preciso entender que todas essas questões escapam por completo aos "usuários" da internet. A maioria das reflexões e preocupações relacionadas à cibercultura está muito longe desses aspectos mencionados por você. As pessoas se preocupam em primeiro lugar em estarem inseridas nas plataformas, ou seja, em participar da cibercultura e, depois, quiçá, debruçarem-se sobre as questões surgidas através das utilizações e suas implicações no nível da relação do processo de comunicação. Walker Dante - Ora, mas esse é o padrão do nível "crítico" da massa da humanidade disposta à exploração, pelos poderosos, em qualquer modalidade de jogo de poder dentro das culturas. Os donos da banca são, desde o início dos tempos, os verdadeiros ganhadores do jogo, e o esoterismo no esquema do poder de dominação entre os humanos é, há mais de um século pelo menos, um velho tópico da antropologia. As feições do jogo são dadas pelo sonho da cultura, que, no nosso caso atual é "consumir". De uma certa forma, tudo o que pode ser pensado sobre a internet ancora-se nesse sonho. O roubo por baixo do "compre-me" e todas as fenomenologias do "vende-se" forjam os objetos das análises semióticas ao infinito disponilizadas aos leitores desse mundo em todos os subgêneros discursivos e textuais correspondentes aos sonhos de consumo. Roselena - Parece-me que o que a singularidade transumanista revela, é uma profunda perversão, constituída sobre um desejo sub-reptício do sujeito-capitalismo, qual seja, o desejo de conquista da aniquilação daquilo que seria seu objeto, disfarçado, porém, pela salvaguarda da universalização totalizante do registro proposto pelo big data como um serviço humanitário de organização e controle social necessário e saudável na era da globalização. Walker Dante - Você fica impressionada com o poder do fantasma transumano... e com razão, afinal o espírito eterno desse fantasma é o velho dragão fascista, devorador de gente. Como todo fantasma, ele quer fazer com que você acredite que a matéria da vida é a memória mal resolvida, a qual, para ser bem resolvida, deve ser organizada e registrada com a ajuda das máquinas para a manutenção de sua virtualidade utilitária. Aquilo que está fora da memória em você, aquela força nova da vida natural, horroriza-se com a perspectiva desse conceito de existência exígua, realizada nas entranhas de cabos, linhas, programas, telas, frequências energéticas de equipamentos cibernéticos... vida reduzida a registros que, com sorte, levantar-se-ão um dia como miríficas e fugazes imagens de um ser na circulação cultural do tempo, em breves momentos "existenciais". Roselena - Sim, admito que esse sistema de registros, associado à tecnologia de acesso eletrônico pelos algoritmos, gera um angustiante sentimento devido, talvez, à instabilidade da informação, que, nessas condições, passa a significar ausência de verdade em tudo o que teria valor justamente por poder ser validado por uma espécie de estabilidade pressuposta. E como nós mesmos também nos identificamos com essas informações, através dos nossos próprios registros, chegamos assim ao vislumbre do aniquilamento da nossa própria verdade existencial mediante a instabilidade de nossa própria imagem diante de nós mesmos... Walker Dante - Pois é, o objeto explorado ou colonizado é, por princípio, o morto. Porém, apesar de tudo, vive-se. Na compra da internet, nós, usuários, recebemos, por exemplo, comunicação instantânea em troca de nossa participação. Por esses dias, numa entrevista para uma organização noticiosa, a cantora e compositora Adriana Calcanhotto, na ocasião do lançamento de um novo álbum de músicas infantis, mencionou o espantoso fato do “tempo da atenção”, que está mais rápido agora, nos seguintes termos: “se você não se comunicar em um segundo alguém desiste de você”. Ou, também, pode-se receber, em troca do nosso pagamento, uma facilidade qualquer, por exemplo, o poeta norte-americano Charles Bernstein acaba de lançar um livro de poesias escrito pela IA, a qual debruçou-se sobre suas obras anteriores, devidamente registradas nos arquivos cibernéticos, facilitando o trabalho "braçal" da poesia. Através de algoritmos variadíssimos, essa IA fez novas combinações com as velhas imagens e palavras dos antigos livros de Bernstein. Depois, o poeta só teve o trabalho de escolher os melhores textos para sair no seu livro. Veja que esses são pequenos exemplos "microscópicos" dentre todas as mutações comportamentais, psicológicas, utilitárias, enfim, culturais, implementadas pela cibernética, como você sabe. Roselena - Claro, mas para mim, a substituição (que você chama de mutação) cultural, mais ameaçadora e evidente, implementada pela cibercultura, é a do pensamento, pois se o pensamento for definido, filosoficamente, como uma função da memória, como geralmente é, então os computadores alimentados pelo big data pensam melhor que qualquer ser humano. Mesmo que você venha me dizer que pensamento pode ser definido de várias outras formas, por exemplo, podemos dizer que pensamento é interpretação também e, nesse caso, as memórias vivenciadas individualmente, a alma única, contribui para a formação de um pensamento diferente daquele possível pelo computador... mesmo assim o que essa diferenciação significa? Na prática social, nada. Esse tipo de diferenciação permanece como valor banal, ilusório, restrito, inútil, precário e irrisório diante da máquina que faz agora a maior parte do serviço da organização simbólica. Ou por outra, vejamos, as tarefas de ordenação, as quais compõem o princípio técnico de grande parte das atividades humanas simbólicas, são comumente associadas (o senso comum supõe assim) com a atitude da atenção (você acaba de dar um exemplo sobre isso no trabalho da IA para o poeta). A própria atenção é atribuída, por metonímia, à qualidade dos robôs de operação simbólica, às IAs, enquanto é retirada cada vez mais do campo da atividade humana (você acaba de dar um exemplo sobre isso na afirmação da cantora). Os algoritmos fazem uma espécie de drenagem das habilidades e recursos humanos para dentro da máquina cibernética totalitarista. No entanto eles operam realizando apenas tarefas decididas de antemão, a partir de uma programação quantitativa de dados simbólicos, ordenados numericamente, como alternativa preferível às possibilidades menos quantitativas. A consequência disso é uma crescente exclusão de dados da própria possibilidade da memória, um gigantesco empobrecimento cultural. Walker Dante - Mas amiga, me parece que justamente esse empobrecimento faz parte da lógica da escassez na estrutura capitalista à qual estamos nos referindo aqui o tempo todo. Parece que a sua questão com as máquinas cibernéticas radica no fato de vermo-nos humilhados em nossas habilidades que são tomadas por elas. Entendo que, diante dessa degradação, passemos então a tentar resgatar nosso sentimento de dignidade, o qual deveria ser compatível com uma certa posição inevitável de cidadão planetário na era globalizada. Num próximo passo, começamos a nos forçar a um comportamento de nos atentar para ações que fogem ao maquinal vigente, tentando sair fora da cibercultura. Nesse caso, num nível achamos que nos safamos, mas no nível seguinte vemos que não ganhamos dinheiro do velho modo. As máquinas são as donas do dinheiro. Por isso elas não são só máquinas, no sentido de serem objetos que obedecem ao humano. Aqui estamos aprisionados na própria existência definida pelo maquínico como cultura, como já foi explicado pelo Guattari, Deleuze e outros. As máquinas da cibercultura não são nossas e não podem ser adquiridas porque o capitalismo é assimétrico por "natureza". O dono da máquina é a máquina só que não. A tecnociência desenvolvedora da cibercultura é um assunto em segredo. Os ladrões são sofisticados. Roselena - Certo... mas ainda assim, consideremos: a essência da forma é a finitude. É sabido, desde o início, que a computação é uma forma de roubo. Desde que se inventou o zero os grãos das areias do deserto passaram a não ser mais levados em conta. Resta agora confiar na criatividade humana. Para um mundo infinito há a necessária correspondência da eternidade. Walker Dante - Ora, quanta melancolia nessa metafísica gasta com o assunto das máquinas... façamos silêncio... vamos pescar. Imagem: Walter Antunes da exposição com os pés na Terra
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- KATAWIXI - Cultura, Artes, Filosofia, Educação
Geovana Gostamos de ser capturados pela sagacidade do tom de Geovana. Sentimo-nos vingados, como brasileiros, por essa inteligência rescendente... Orquestra dos Músicos das Ruas de São Paulo MÚSICA E MAGIA Quando a música é verdadeira e inteira, realiza a magia da existência. Brilhante e plena por si mesma. A fotografia... um dia destes dias Petricor - O Aroma da Terra O cheiro agradável que surge após uma chuva, especialmente depois de um período de seca, é o resultado da interação entre compostos... um dia destes dias Das pérolas Via Sat É descoberta. É invenção. Não é mistura. Não é resumo. Tudo pulsa verdadeiro, inteiro e vibrante. Não há facilidades ou ondas para... O espírito rio do barqueiro O NASCIMENTO DE DEUS No ventre da manhã formou-se o belo Trazendo fagulhas de pontas cortantes Com frente pagã ergueu-se o menino Revendo... um dia destes dias O inacreditável olhar do que não é cego e finge não ver o choro alimenta um joão a risada dá comida pra uma hiena que comendo a mão até o cotovelo ri que comendo a mão até o cotovelo ri hiena... não é onda de calor um dia destes dias Uma Necessidade Urgente A abordagem relacionada com bacias hidrográficas imediatamente remete às questões com água. Mas outros pontos têm o mesmo peso e... Téo Azevedo Sabia do nome, não sabia das histórias. Não sabia da lenda. Foi assim que conheci o Téo Azevedo em 2002 numa noite paulistana em um... É quem não está vivo um dia destes dias Dia nacional da conservação do solo A política torturada na pintura de Neuza Ladeira A pintura de Neuza Ladeira impressiona pelo contraste entre tons sombrios e maduros e o frescor das formas florais de paisagens e pessoas... das nações e buracos Kédi: Resistência Quilombola As Mínimas do Doutor Canela um dia destes dias um dia destes dias A triste realidade dos solos descobertos Sem alarmismo, mas com prudência, convém olhar com atenção os crescentes problemas que a exposição dos solos traz para áreas agrícolas.... um dia destes dias Cinco práticas agrícolas sustentáveis que você precisa conhecer Hoje em dia, muito se fala sobre sustentabilidade, mas, para a maioria das pessoas é um termo genérico, com significado difuso, muitas... A terceira margem do terceiro tempo Uma mensagem colocada numa garrafa e lançada num rio pode chegar ao mar? Quanto tempo demoraria para chegar ao destinatário? Cem dias?... um dia destes dias Como o solo adoece Doença do solo deve ser considerada um fenômeno complexo e multifatorial, influenciado por fatores como ocupação e uso inadequados,... O Chamado do Cacique Raoni O Cacique Raoni faz o chamado para salvar a Terra. Link para o encontro do Chamado do Cacique Raoni: institutoraoni um dia destes dias Dois de Julho Pássaros e orixás como roupas do invisível Pássaros, orixás e pessoas parecem figuras bordadas no universo pintado de Renê. Linhas retas e fluidas, lado a lado ou em quadros... Genocídio do Povo Brasileiro um dia destes dias Uma ideia de espantalho O meu pai caminhava todas as noites mais de uma légua até chegar em nossa casa. Mesmo porque primeiro ele dava uma subidinha até o sítio... um dia destes dias As Vozes do punk de Teresina Publicação de Aristides Oliveira e Eduardo Djow conta a história do punk em Teresina O livro Vozes do punk conta a história do movimento... A Importância do Outono Com o avanço do conhecimento em agricultura tropical o outono passa a ser estratégico para as atividades de boas práticas agrícolas. No... Metade Cara, Metade Máscara: um livro indígena para a transformação da consciência brasileira Todos devem ler Metade Cara, Metade Máscara, obra seminal de Eliane Potiguara, porque em primeiro lugar está aí reunida num volume... FÁTIMA BARROS !! Sem palavras, que não são necessárias. Fátima Barros. Apenas e sempre: Fátima Barros !! um dia destes dias A Terra Prometida Qual o pedaço seu no Paraíso rebatizado de América pelo homem europeu? A Câmera e O Canhão A Câmera e O Canhão livro de Alexsandro de Sousa e Silva O livro discute uma série de encontros e desencontros entre os regimes políticos... um dia destes dias A Arte Persistente de Transformar Fábio Takahashi visita com Luama Socio sua trajetória de trabalhos e ações artísticas transformadoras num mundo em constante mutação... um dia destes dias Para uma vitória tranquila de Lula no segundo tempo Se nada de novo surgir durante o tempo normal de partida, será uma vitória tranquila no segundo tempo dessa eleição A Arte Inominável de Seu Maloka Eu vivo na produção musical há mais de quatro décadas e no audiovisual há mais de duas. Trabalhei num dos mais históricos estúdios... Leopoldina, José Bonifácio e as independências por Plínio Soares Pra mim, a coisa mais forte em fazer esse espetáculo é a contemporaneidade! Um das minhas falas, que faço o José... Geovana Orquestra dos Músicos das Ruas de São Paulo um dia destes dias Petricor - O Aroma da Terra O espírito rio do barqueiro Uma ideia de espantalho Metade Cara, Metade Máscara: um livro indígena para a transformação da consciência brasileira As Vozes do punk de Teresina A Arte Persistente de Transformar Fátima Barros e todas vítimas pobres da covid: presentes! Sobre o ultrapassamento da guerra Depois de algum tempo sem se encontrarem Walker Dante e Roselena conversam, inevitavelmente, sobre a guerra... Walker Dante - Você tem... Eles estavam necessariamente estupefactos Pois prossegue a conversa entre Walker Dante e Roselena. Walker Dante - É claro que fiquei tremendamente estupefacto ao perceber que as... O centro como suporte para o conceito de desenvolvimento Roselena e Walker Dante prosseguem sua conversa infinita sob as árvores do jardim: Roselena - Como é o desenvolvimento do corpo humano?... Chapada dos Guimarães: no Centro da América do Sul A cidade de Cora Coralina Orquestra dos Músicos das Ruas de São Paulo Téo Azevedo A Arte Inominável de Seu Maloka No Pomar da Vida & O Trabalhador A política torturada na pintura de Neuza Ladeira Pássaros e orixás como roupas do invisível Urbana e ancestral: a mulher guerreira de Carolina Itzá A fotografia e a descoberta da sutil arte da contemplação Trânsitos e Atemporalidade dos dois Brasis do farsesco O inacreditável olhar do que não é cego e finge não ver Petricor - O Aroma da Terra Uma Necessidade Urgente Dia nacional da conservação do solo Geovana Via Sat Helena Meirelles um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias um dia destes dias Chapada_dos_Guimarães-82 ALCANTARA_KATAWIXI _WALTER_ANTUNES.1 Chapada_dos_Guimarães-82 1/40 Katawixi é um lugar de crítica, análise e divulgação de pensamentos, pontos de vista filosóficos, práticas e produtos culturais, livres de vínculos institucionais. Katawixi é antes de tudo o nome de um povo que flutua agora em algum lugar na Amazônia.
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Katawixi é um lugar de crítica, análise e divulgação de pensamentos, pontos de vista filosóficos, práticas e produtos culturais, livres de vínculos institucionais, concebido por Luama Socio e Walter Antunes. Katawixi é antes de tudo o nome de um povo que flutua agora em algum lugar na Amazônia. Um livro sobre o teatro de Gabriel Villela Neste belíssimo livro organizado por Dib Carneiro Neto e Rodrigo Audi a trajetória de Gabriel Villela é narrada através de fotos de... "Um pouco de tudo, talvez" "Um pouco de tudo, talvez", é um filme escrito e dirigido por Gilberto Alexandre Sobrinho, que também assina a fotografia, sobre o modo... Do amor - o dia em que Rimbaud decidiu vender armas O novo livro de Ana Rüsche escrito em duas partes divididas por dez anos de diferença (2007-2017) é novela que faz uma investigação ao... A Mulher da Casa do Arco-Íris A Mulher da Casa do Arco-Íris – pré-lançamento O documentário de Gilberto Alexandre Sobrinho completa a trilogia do diretor sobre a... MAIS 23 MESES PARA 2020!! Jupiter Apple! Júpiter Maçã! Para compreender o território Brasil, desde os atuais carnavais de rua verdadeiros ou falsos até o sistema... Seo Carlão do Peruche & Os Sobrinhos Seo Carlão do Peruche se apresenta no Teatro do Sesc 24 de Maio acompanhado do seu grupo Os Sobrinhos - especialmente formado para estar... Samba do Congo, Encontro de Compositores A Frente de Resistência Samba do Congo é um coletivo de compositores e sambistas fundado em 2011 na Vila Brasilândia na cidade de São... ATÉ A CHINA (EM SÃO PAULO) Exibição em São Paulo de Até a China, filme de Marcelo Marão Fui pra China só com bagagem de mão. Na China os motociclistas usam casaco... Almas da Liberdade Em Almas da liberdade, de Paulo Rafael, Romildo Ibeji e Stiãojs, o leitor encontrará poesias, prosa, artes gráfica e crônicas, registros... SAPERE AUDE - DOSSIÊ: MICHEL FOUCAULT AS PALAVRAS E AS COISAS: UMA HISTÓRIA DO PENSAMENTO QUE NOS AJUDA A ENTENDER A EMERGÊNCIA DA QUESTÃO DO SUJEITO NA FILOSOFIA MODERNA... Diário de Exus Filme O filme "Diário de Exus" é dirigido pelo professor da Unicamp, Gilberto Alexandre Sobrinho. Enquadramentos arquitetônicos, cores... Ala dos Compositores do Kolombolo Encontro com o Samba A Ala dos Compositores do Kolombolo é um encontro semanal aberto para novos e consagrados sambistas. Num clima... Eu, Poema Livro Eu, Poema - livro de Aline Lira Aline Lira é uma poeta autêntica. Dessas que não "dominam" a palavra, mas que "são" a própria... Caminhada Noturna pelo Centro São Paulo Iniciativa única realizada por pessoas da comunidade, semanalmente desde 2005 os participantes podem passear pelo centro de São... Amanda & Monick Cinema Para quem quer descobrir o Brasil. A história de Amanda & Monick em Barra de São Miguel, um documentário do diretor André da Costa... Casa Elefante São Paulo Excelente lugar no centro de São Paulo para pessoas à procura de novas ideias, descobertas, discos, livros, fotografia,... Mostra 20 Anos do Teatro Por Um Triz São Paulo A Cia Teatro Por Um Triz celebra seus 20 anos com Mostra de espetáculos no Sesc Ipiranga. Oportunidade única para se assistir...
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A fotografia e a descoberta da sutil arte da contemplação Alex Montel revela o seu olhar e a sua fotografia na conversa com Walter Antunes: descobertas, transformações, perspectivas, natureza,... Trânsitos e Atemporalidade Sobreposições de imagens, produzindo novas imagens que abrem ao observador a possibilidade de trânsito, como se aquilo que se vê no dia a... Fotografia e performance nas redes A fotografia é a base, porém muitos outros elementos foram necessários à produção, desde a pesquisa sobre as obras de arte referenciadas, el Mandalas da meia-noite As mandalas são essas belíssimas representações do centro do eu humano em processo de irradiação cósmica, expansão de formas, expressões... Uma beleza possível tanto quanto inesperada Nas imagens produzidas por Ivana Almeida não há referencialidade, mas tampouco uma abstração vazia. O sentido é dado pela geometria... O Novo de Novo Muitas vezes quando se pensa que se está fazendo o novo acaba-se por descobrir que o novo já foi feito antes. Mas o novo sempre vem.... Impressões não Impressas no Papel "Já se disse que o analfabeto do futuro não será quem não sabe escrever, e sim quem não sabe fotografar". Walter Benjamin um texto sobre... Eu S2 CG Qual o mundo em que nascemos? Qual o mundo que desejamos para nós? Com um gesto aparentemente simples e que está ao alcance de todos... Um encontro com Korda, autor da foto mais famosa do mundo a Arthur Monteiro Já me disseram que a foto mais reproduzida no mundo é a do quadro da Mona Lisa, e aí fico a pensar na decepção que tive... UNÍSSONO SÉRIE DE FOTOS DE WALTER ANTUNES Trata do encontro intensamente procurado ou descoberto (casualmente?). Trata do encontro do olho com a... Katawixi é um lugar de crítica, análise e divulgação de pensamentos, pontos de vista filosóficos, práticas e produtos culturais, livres de vínculos institucionais, concebido por Luama Socio e Walter Antunes. Katawixi é antes de tudo o nome de um povo que flutua agora em algum lugar na Amazônia.